Que motor de centro deve ter o barco que vou comprar??
 

Existe um taboo sobre algumas marcas de motores, que na sua maioria foi gerada por aplicação errada, desconhecimento técnico do mercado de manutenção ou pelos custos extorsivos de peças de reposição.
Seguem abaixo alguns comentários a respeito das marcas, modelos e utilizações dos motores mais comuns encontrados no nosso mercado náutico.

MOTORES COM MAIS DE 1.000 HORAS? DESVENDE AQUI ESSE MITO!

Mercedes Bens:

  • Os motores Mercedes Bens já foram marinizados desde os primórdios de nossa indústria naval de recreio. São motores com fabricação nacional, com grande facilidade de peças de manutenção. Por esse motivo, as peças e serviços para os Mercedes Bens são os mais baratos do mercado naval.
  • São motores robustos, com excelente durabilidade e baixo MTBF (mean time between failure).
  • É um motor ruidoso, pois trabalha com alto torque em baixa rotação o que faz com que pareça "martelar" quando acelera.
  • Os modelos anteriores ao 352A utilizam um bloco antigo, bomba injetora sem LDA* portanto não é possivel passar de 175HP de potência na marinização.
    *LDA é um dispositivo na bomba injetora que sente a pressão do turbo e injeta mais ou menos diesel dependendo do torque exigido, o motor responde mais rápido e com muito menos fumaça.
  • Os modelos 352A utilizam o mesmo bloco que agora é usado no modelo 366 e com a mesma bomba, o que permite que seja marinizado de 180HP para 250HP sem detrimento da sua durabilidade.
  • Os modelos 366 tem o cabeçote diferente, uma concepção mais moderna de design mas a mesma alma.
  • É um motor que devido ao novo sistema de alimentação, curso do virabrequim, gráu de comando de válvulas e turbina de maior fluxo pode ser repotenciado para 320HP sem um grande comprometimento de sua durabilidade.
    Quando se repotencia um motor 366 além de 320HP, se instala a bomba injetora, turbina e bicos do modelo 447, o que passa a exigir muita potência do conjunto diminuindo sensívelmente sua vida útil.
  • A rotação de trabalho ideal para os motores 352A e 366 é de 2.500 rpm de cruzeiro.
    Trafegar em rotações mais baixas não vai economizar o motor e sim carbonizar a turbina que não estará trabalhando nas condições ideais de rotação e pressão. Isso causará um menor aproveitamento do combustível aumentando o consumo.
    Sua rotação em top não deve ultrapassar os 3.000rpm. Lembre-se, a hélice ideal para a sua embarcação é aquela que no top chega a, mas não ultrapassa os 3.000rpm.
  • Quase todos os modelos de motores da Mercedes Bens estão sendo marinizados hoje em dia, mas informe-se sobre a potência nominal de fábrica e limite sua repotenciação a no máximo 25% da potência nominal, para diminuir os riscos de muito pouca durabilidade no uso marítimo.
  • Marinizações mais conhecidas: MTU (Mercedes Bens), BM Motores, Megatec e Retipar.

Volvo Penta:

  • Os motores Volvo Penta são motores nativos para a área naval. São motores de baixo torque em baixa rotação o que permite uma aceleração mais suave, com menos vibração e conseqüentemente muito menos ruido. Seu contrôle de injeção LDA é muito bem elaborado, reduzindo a emissão de fumaça a um nível quase imperceptível.
  • São construidos para durar e, se bem mantidos, representam um bom investimento.
  • Trabalham com menor compressão o que facilita sua curva de aceleração trabalhando em rotações de até 4.000rpm.
  • São motores importados portanto suas peças de reposição são mais caras em até 500% se comparadas com peças de motores diesel nacionais. A vantagem é que são motores muito robustos para sua finalidade e são praticamente nativos em suas potências nominais o que lhes garante uma grande durabilidade e um baixissimo MTBF.
  • Nos modelos a gasolina a Volvo Penta utiliza os motores da General Motors automotivos em suas marinizações.
  • Marinização original Volvo Penta.

MWM:

  • Os motores 6 cilindros da MWM modelo VP229 de 175HP são muito conhecidos. Foram marinizados pela Volvo Penta desde a década de 80 como uma opção nacional de menor custo do que os Volvo importados. São motores de baixo torque em baixa rotação o que permitiu uma boa interação com as rabetas Volvo, e foram instalados em centenas de embarcações.
    A Volvo Penta também desenvolveu uma versão com o bloco maior da MWM lançando a versão VPi-250HP que necessitou de um conversor de torque para ser acoplado em suas rabetas para diminuir o risco de quebra do conjunto.
  • Após a "Era Volvo Penta ", foi a vez dos modelos MWM Sprint, que são marinizados hoje por diversas empresas e dependendo dos periféricos agregados pode ir de 180 a 220HP.
  • Naturalmente, os modelos com 220Hp estarão trabalhando no limite da capacidade para esse modelo de motor e caso seja muito exigido poderá ter sua vida útil bastante reduzida. O ideal para esse modelo de motor é o torque de até 210HP no dinamômetro.
  • São mais leves que os Mercedes Bens, ideais para a instalação em embarcações menores.
  • Representa uma excelente opção, dependendo da qualidade da marinização, para instalação em lanchas de recreio. Por ter uma característica de faixa de torque e rotação muito semelhante às dos Volvo Penta, significa que poderá ser acoplado em rabetas Volvo ou Mercruiser sem problemas de excesso de torque no conjunto e aproveitando inclusive as mesmas hélices.
  • Outra vantagem dos Sprint é que são fabricados aqui, suas peças de reposição são tão baratas quanto as dos Mercedes Bens e sua manutenção é bem simples.
  • Marinizações mais conhecidas: Volvo Penta, Megatec e BJ Marine.

Ford:

  • Os motores Ford Cargo foram marinizados pela Volvo Penta e pela Retipar do Paraná na década de 90. São motores extremamente robustos, nativos na potência de 380HP e com um excelente MTBF.
  • O grande problema desses motores foi o de terem sido instalados errôneamente por fabricantes de lanchas off shore por absoluta falta de opção nacional na época.
  • Esses motores nos tratores tem mais de 15.000 Horas totais de funcionabilidade, o problema é que nas lanchas off shore o regime de trabalho exige sempre rotações muito altas e várias vezes as hélices saem literalmente da água fazendo com que ele saia de giro e acabe por ter problemas como quebra de comando ou de bielas.
  • O motor Ford Cargo numa lancha cabinada com pé de galinha é uma excelente opção pois é de baixo ruido, nativo na potência e extremamante valente no seu torque.
  • Sua LDA da bomba injetora é muito bem dimencionada, tornando seu funcionamento em cruzeiro praticamente isento de fumaça. A outra grande vantagem do Ford Cargo é seu baixo custo de manutenção.
  • Marinizações mais conhecidas: Retipar e Volvo Penta.

Caterpillar:

  • Motores Caterpillar na Europa são sinônimos de "primeira linha" tal qual os Volvo Penta.
    São motores de grande durabilidade, extremamente robustos e altamente confiáveis.
    Os motores Caterpillar de todos os modelos tem sido considerados por usuários europeus de embarcações de trabalho e pesca por várias décadas e até hoje como o Rei dos motores marítimos.
  • Nas off shore são normalmente instalados os modelos V8 com 435HP nativos, o que lhe outorga uma grande robustês e um alto torque de saida. Naturalmente, como em todos os motores pesados, deve-se evitar sobregiros e quando saltar uma vaga "aliviar o manche" para que não dispare altas rotações saindo de giro.
  • Os modelos 6 cilindros em linha dispensam comentários e apresentações pois nasceram com 350, 375 e 420HP de fábrica e sua durabilidade se bem mantidos é de 8.000 Horas totais.
  • Sua manutenção é um pouco menos custosa que a dos Volvo Penta e bem mais custosa que a dos Mercedes Bens mas em compensação, seu MTBF é baixíssimo.
  • Marinização original Caterpillar.

Cummins:

  • Os Cummins são os famosos americanos que suportam muito trabalho. São motores robustos, pesados por concepção e altamente confiáveis.
  • São muito utilizados por embarcações pesqueiras de mar aberto, trawlers e embarcações de serviço.
  • A marinha norte americana utiliza grandes motores Cummins diesel "transformados" para gasolina nas lanchas rápidas de patrulha de costa que desenvolvem até 3.000HP sem quebrar.
  • No Brasil a linha marítima é representada por autorizadas Cummins Marine e seu custo de manutenção equivale em grande parte aos Caterpillar.
  • Marinização original Cummins Marine.

Mercruiser:

  • Os motores da Mercruiser são importados e podem ser modelos a gasolina ou diesel.
  • Nos modelos a gasolina são utilizados os motores da General Motors automotivos em suas marinizações.
  • Nos modelos diesel normalmente são utilizados blocos Cummins automotivos marinizados e preparados pela Mercruiser.
  • São motores muito confiáveis e de bom acabamento e os Cummins automotivos são motores de bom torque e baixo ruido o que os torna uma boa opção de aquisição.
  • Os custos de manutenção são menores que os da Volvo Penta o que tem contribuido para a sua disseminação no mercado náutico brasileiro nos últimos anos. Uma feliz concorrência para que os preços nessa área continuem baixando a patamares mais razoáveis.
  • Marinização original Mercruiser.

Scania:

  • Scania é sinônimo de força. No Brasil o motor Scania se tornou um simbolo de robustês.
  • São motores peso pesados que agüentam muito trabalho contínuo com um baixíssimo MTBF.
  • Os modelos mais utilizados são os de 6 cilindros (DS11) 370HP e de 8 cilindros (DS14) de 480HP. Hoje existem modelos totalmente eletrônicos na faixa de 600HP que foram eleitos pelo DERSA como os ideais para equipar as balsas de travessias pelo seu baixo MTBF e alta durabilidade, em torno de 8.000 Horas totais entre as retíficas.
  • É uma excelente opção para embarcações que exigem força ou muito peso de arrasto e deslocamento.
  • Sua manutenção é mais cara que a dos Mercedes Bens e bem mais barata que a dos Catterpillar o que os torna uma alternativa extremamente interessante na montagem de uma embarcação de passeio ou de trabalho.
  • Marinização original Scania Divisão Maritima.

    por Bill Schepis